Crônica "A" paçoca

 


“A“ paçoca

16h em Belém, sol “tinindo” e garganta seca. Não levei minha garrafinha porque saí apressada e esqueci a bonitinha no congelador “trincando” de gelo. Então, pensei em comprar uma água com meus únicos dois reais, na volta para casa. Não querendo correr o risco de pegar o horário de pico e viajar em pé, resolvi comprar a preciosa dentro do ônibus com os vendedores do sinal. Porém, não havia UM santo para matar a minha sede. Em todo sinal que passava, nada de água. De repente, entra uma vendedora de paçoca no coletivo e eu pensei: “Essa é doida! Vender PAÇOCA nesse calor é muita coragem! Quem em sã consciência vai comprar uma paçoca nesse calor? ”. Não que eu não goste de paçoca, queridos leitores, muito pelo contrário, eu amo. Mas é que eu só tinha os dois trocados e estava com muita sede. MAS, do nada, a vendedora solta no discurso algo que chamou minha atenção, ela disse que esta paçoca que estava vendendo era diferente. Ela era quadrada e tinha uma receita que evitava que esfarelasse e que não sujava a boca e nem a roupa. Claramente uma inovação culinária! Seria uma paçoca gourmet? Gente, eu tenho experiência em paçoca e ainda não tinha visto nenhuma inquebrável. Já vi de tudo no ônibus, já vi homem trans grávido, mas esse TIPO de paçoca, não. Pensei: “Água, eu posso aguentar mais um pouco e tomar em casa, mas a 'paçoquinha inquebrável', posso nunca mais encontrar se a moça não fizer boa venda! ”. Fingindo desdém, comprei a paçoca. Só eu comprei, acho que todo mundo também estava com sede e calor, então por vergonha de ser julgada, só comi a paçoca ao descer do ônibus e adivinhem? A paçoca esfarelou e sujou toda a minha roupa.

Luna Nascimento.

Ilustração: Luna Nascimento

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