Vida social online

 Por: Letícia Pinheiro, Luana Pereira e Sofia Sacramenta


A vida social online é uma realidade cada vez mais presente na vida das pessoas, pois as redes sociais se tornaram uma parte crucial da vida cotidiana da maioria da população ao redor do mundo na contemporaneidade. Porém, a crescente dependência das redes sociais e o excesso de exposição têm levantado preocupações, embora ofereça inúmeras oportunidades de conexão e interação. Uma das principais consequências negativas do uso excessivo das redes sociais é a exposição das informações pessoais, que podem inclusive colocar em risco a vida das pessoas. O fenômeno social da selfie, das fake news e da discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ em ambientes online são algumas manifestações sociais que surgiram com o advento da internet e com o excesso de exposição nas redes sociais.


Selfie

Fonte da Imagem: Instagram


A prática de publicar selfies tornou-se comum e corriqueira e, entre outros objetivos, podem ser feitas para registro de trabalhos e de memórias. A foto acima é um exemplo de self que foi postada com o intuito de registar um momento específico de nosso aprendizado. O lado negativo do excesso de exposição nas redes sociais é o fato da possibilidade de levar a problemas de saúde mental como baixa autoestima e distúrbios de ansiedade. Além disso, a necessidade de validação de outras pessoas pode fazer com que o indivíduo se torne “refém” de curtidas e comentários. É importante lembrar que nem tudo que é postado nas redes sociais é de fato real e que as selfies também podem ser vistas como parte do processo de construção de identidade e como uma forma de expressão que permite mostrar-se ao mundo.

A "selfie” é uma ação social. Interpretando a partir da teoria sociológica de Max Weber, esse comportamento pode ser entendido como uma ação social afetiva, uma vez que é frequentemente impulsionada por emoções pessoais.

Comportamentos como narcisismo, necessidade de curtidas e comentários para se sentir valorizado, necessidade de aprovação, validação, reconhecimento, admiração ou provocação dos outros são exemplos de consequências sociais e psicológicas na vida cotidiana.


Fake News

As fakes news, ou notícias falsas, têm se tornado um grande problema, principalmente com a chegada da era digital, a partir da qual a disseminação de informações se tornou algo mais acessível. Porém, a internet também propiciou a propagação de notícias falsas e essas notícias possuem o poder de distorcer a realidade e influenciar opiniões. 

Ao partirem de um comportamento intencional para atingir objetivos específicos, as notícias falsas se aplicam ao que Weber denominou de ação social racional relacionada a fins, pois elas são criadas com o intuito de manipular, influenciar as opiniões públicas, enganar ou difamar pessoas, instituições ou grupos. As pessoas afetadas pelas fake news sofrem com emoções negativas tais como raiva, medo e indignação.

As notícias falsas representam um sério desafio para a sociedade atual. Sua disseminação indiscriminada pode afetar negativamente a democracia e a confiança nas informações nos meios de comunicação. A proliferação de informações falsas também pode levar a conflitos, divisões e descriminação.


Discriminação Contra a Comunidade LGBTQIA+ nos Ambientes Online

A superexposição nas redes sociais pode levar ao cyberbullying, isto é, comentários depreciativos e discriminatórios, explícitos ou implícitos. A discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ é outro exemplo de um problema amplamente disseminado e difundido em nossa sociedade.

Com base na teoria weberiana, a discriminação online contra a comunidade LGBT+ pode ser interpretada como um tipo de ação social - pois é motivada por significados subjetivos, resultando em efeitos prejudiciais como humilhação, intimidação e exclusão -, enquadrando-se, principalmente, no conceito de ação social afetiva, pois tem como base sentimentos de ódio, repulsa e intolerância, perpetuando estereótipos, discursos de ódio e preconceitos.

Os danos psicológicos nessa população podem incluir ansiedade, depressão, isolamento social e até suicídio. Os autores das discriminações se sentem protegidos pelo anonimato proporcionado pelas redes sociais e fazem uso de ofensas e da desinformação para expressar sua crença na inferioridade das pessoas LGBTQIA +. Os ataques variam desde comentários irônicos até aqueles mais agressivos com evidentes discursos de ódio e de violência. A discriminação parte da humilhação e do não reconhecimento da identidade de gênero, tratando essas diferenças como algo fora do que é considerado socialmente normal. Há também uma suposta posição de superioridade que essas pessoas pensam possuir, sentindo-se no direito de julgar a moralidade das ações de outros partindo de suas próprias visões e crenças.

Vale ressaltar que as redes sociais oferecem a opção de denúncia do comentário/perfil ou vídeo que veiculam discursos de ódio, porém, ainda assim, isso não impede a propagação desse tipo de mensagem, prejudicando milhares de pessoas. Sarmento e Mendonça (2016), no artigo de título “Disrespect in Online Deliberation: Inducing Factors and Democratic Potentials”, destacam que o respeito mútuo é importante e crucial no debate público, no qual os participantes reconhecem o direito de cada um de falar para que a discussão ocorra. Logo, o respeito tem uma forte ligação com igualdade e reciprocidade. Ter uma posição de respeito para com o próximo indica que o indivíduo admite que os outros possuem os mesmos direitos e, portanto, irá tratá-los com o mesmo nível de consideração que acredita ele mesmo merecer.

Pelo exposto, observa-se que a exposição excessiva nas redes sociais exige uma reflexão crítica sobre como usamos a tecnologia e como podemos minimizar os impactos negativos que ela pode ter em nossas vidas. Embora as redes sociais tenham o potencial de combater esses preconceitos e estereótipos disseminados online, a eficácia desses esforços é comprometida pela persistência de anonimatos e disfarces de indivíduos em plataformas de mídia social, o que dificulta a aplicação de leis mais rigorosas e a punição adequada. A igualdade e a reciprocidade são princípios fundamentais para o respeito mútuo em debates e discussões online, e é vital promover esses valores para construir uma sociedade mais justa e respeitosa.

Apesar de as redes sociais oferecerem oportunidades valiosas de conexão e interação, é crucial conscientizar as pessoas sobre os perigos potenciais da superexposição, como ameaças à privacidade e segurança pessoal, propagação de informações falsas e discriminação.

É fundamental encontrar um equilíbrio saudável entre o mundo online e o offline, desenvolver habilidades de discernimento para lidar com informações duvidosas e promover a empatia e o respeito nas interações online. Somente assim poderemos enfrentar de maneira eficaz os desafios que surgem com o excesso de exposição nas redes sociais e construir um ambiente online mais positivo e inclusivo. Promover a conscientização por meio da educação digital e estabelecer práticas de segurança cibernética podem ajudar a minimizar os impactos negativos do uso das redes sociais e contribuir para que os ambientes digitais sejam mais seguros e saudáveis para todos.

 

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

I Seminário de Humanidades do IFPA-Campus Belém

A greve no IFPA, parte 5

A greve no IFPA, parte 2