Avisamos!

 Por: Doti Aquino

Escorre vermelho ferro

Pelo peito das vielas

Tiros de desigualdade e fome

Balas de injustiça e  pobreza

Cachoeira em pó mineral a cair

A agua secou

O rio se foi

A serra morreu

O trem levou

Jorra desumanidade aqui

Dia após dia

Serra dos Carajás, 

a paz aqui jaz!


Tic-tac perde o sono

Tic-tac troca o turno

Tic-tac sem amigos

Tic-tac busca um sentido

Que sentido? Que sentido?

Fale! Fale! Não cale!

Essa mineração não Vale!

Transnacional no assalto

Mãos ao alto!

Sem sorte...

Morre na quebrada

Sem nada

24 horas de diretos e cruzadas


Mas nós...

Nós amazonidas

Sobrevivemos

Vemos beleza nas palavras que resistem

Falamos: um pouco mais

Só um pouco mais de humanidade

Nas vielas

Lutamos e dançamos, sim!

Em outros planos místicos

Axé... amém!!!

Nossos mortos

Em vida humanos 

Vivem nos nossos corações cabanos

Força... força... força.

Que se faz de encontro novos

Nossos

Amazônidas!



Débora Aquino Nunes
Débora Aquino Nunes, mulher amazônica, lésbica, feminista e professora/pesquisadora da ciência geográfica. Foi militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) em Parauapebas. É também poetiza e tocadora de cordas no (des)enrolar dessa vida.

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