Sorvete de Laranja: o capitalismo de vigilância?
Por: Wesley Silva, colunista do Jornal Digital
Quase que de forma majoritária, o mundo já presenciou as várias etapas do sistema capitalista: capitalismo comercial, capitalismo industrial e capitalismo financeiro. Todas essas etapas foram acompanhadas pelas mais variadas contradições do sistema, afetando diretamente a sociedade global.
O atual modelo do sistema capitalista, o capitalismo financeiro, criou novas estratégias de obtenção de lucro frente ao desenvolvimento tecnológico e a inserção da internet nas sociedades globais, uma vez que o processo de conectividade virtual desencadeado pelas plataformas digitais é uma nova forma de geração de lucros promovido pelas Big Techs por meio do capitalismo de vigilância, diluindo o que conhecemos como privacidade.
Nesse sentido, o capitalismo de vigilância atua na captação de dados dos usuários, ocorrendo de maneira ilegal e sem o consentimento, visando à padronização do comportamento humano com a finalidade de, ao mesmo tempo, saber quais são os hábitos individuais, como manipulá-los e como modificar esses hábitos para determinados fins, sobretudo para fins lucrativos.
Durante uma reunião de pauta do JD, uma das professoras presentes na sala resolveu compartilhar um acontecimento que havia ocorrido com ela recentemente, envolvendo o uso da plataforma digital YouTube e a vigilância de dados. Segundo o relato dela, ao conversar com um professor sobre o motivo de não existir sorvete de laranja, o seu celular teria captado as falas proferidas dentro da sala e, tempos depois, ao entrar no YouTube, lhe haviam recomendado um vídeo justamente sobre o porquê de não existir sorvete de laranja. Depois deste acontecimento, a professora mencionou que ficou intrigada com a situação, levando em consideração que a plataforma nunca havia recomendado algo relacionado a esta temática antes de sua fala a respeito do sabor do sorvete.
Com isso, começamos uma discussão sobre o capitalismo de vigilância e como os aparelhos eletrônicos, principalmente os celulares, junto às plataformas digitais, são pensados e produzidos para obterem nossos dados pessoais sem a devida autorização e quando acontece, há grandes lacunas informativas relacionadas à transparência da utilização dos dados.
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