A greve no IFPA, parte 2
Por Breno Alencar, coordenador do NUPEC, e Vanessa Lima, repórter do JD
A greve dos servidores da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica chega a sua quinta semana e atinge um total de 522 unidades em todo o território brasileiro. Como mencionado em matéria da semana passada, a greve também atinge o Instituto Federal do Pará e no campus Belém grande parte das atividades acadêmicas foi interrompida, restando apenas 30% das atividades essenciais em funcionamento, conforme evidenciado no Ofício Circular 007/2024/DG, publicado em 05 de abril.
Houveram avanços importantes nas negociações do sindicato que representa a categoria com o Governo, como o reajuste no auxílio-alimentação, que passa a ser de R$ 1.000, e no auxílio-saúde. Contudo, estas alterações não atingem aposentados e pensionistas e estão longe dos valores pagos aos outros poderes da União. Além disso, não atendem, no todo, as reivindicações da categoria por reajuste salarial, melhores condições de trabalho e a recomposição do orçamento da Rede.
Entretanto, passado quase um mês de greve, o que pensam a categoria mais afetada pelo movimento paradista? Eles, os estudantes, conhecem e compreendem as motivações e o real significado da greve que se abateu sobre eles? O Jornal Digital quis saber e para isso foi investigar a opinião dos estudantes do campus.
Conforme mencionado anteriormente na parte 1 desta série de matérias que o JD está publicando, foi conduzida uma entrevista investigativa visando compreender os diversos pontos de vista desse público. A abordagem incluiu a perspectiva dos estudantes em relação à greve, procurando compreender seu entendimento e concordância acerca deste movimento. A metodologia adotada consistiu na aplicação de um formulário contendo duas perguntas aos alunos: “Qual a sua concepção de greve?” e “Você concorda com os objetivos desta greve em curso no país? Quais consequências você antevê para o IFPA, campus Belém?” Vinte e seis estudantes da instituição participaram da pesquisa.
Os resultados revelaram que os alunos possuem um entendimento sólido acerca do conceito de greve, demonstrando perspectivas alinhadas com a definição estabelecida na Lei 7.783/1989, a qual dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, entre outras providências. Quanto ao apoio à greve e às suas consequências, a maioria dos alunos manifestou apoio ao movimento, reconhecendo-o como um direito legítimo dos trabalhadores e uma última medida para pressionar o governo a resolver as questões apresentadas. No entanto, os alunos também expressaram preocupação com o impacto negativo da greve em suas vidas acadêmicas, especialmente para aqueles que estão no terceiro ano do técnico integrado ao ensino médio, em virtude do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Além disso, foram levantadas preocupações quanto ao retorno às aulas, incluindo possíveis ampliações de horários de aula, surgimento de contraturno no cronograma e o possível atraso no calendário letivo da instituição.
Nesse contexto, é de suma importância que a direção do campus Belém busque esforços para planejar alternativas viáveis visando reorganizar as atividades prejudicadas em decorrência da greve, objetivando o retorno dos alunos às suas atividades acadêmicas de forma menos impactante possível. Dessa maneira, os estudantes poderão retomar suas rotinas sem sobrecarga, especialmente aqueles que estão se preparando para o ENEM, além de conciliarem seus estudos com atividades laborais e estágios.
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