Kiko ou o cão-robô?

Fonte: Life in Tech


Por: Mauro Leal


A vida é uma eterna mudança. Estava pensando sobre isso após ler a notícia de que o DJ brasileiro Alok comprou um cão-robô, o qual trata como um novo membro da família. A notícia em si não deveria, na atualidade, surpreender. A questão toda é pessoal, minha, pois, assim que terminei a leitura da matéria, lembrei-me da minha infância, especialmente, do meu cachorro Kiko. Vira-Lata bege. Brincalhão. Pequenino. Gostava de correr por todo o quintal. Muitas histórias com ele. Certa manhã, por exemplo, acordei com Kiko lambendo meu rosto. Uma das manhãs mais engraçadas e inusitadas da minha infância, diga-se de passagem. Quando eu estava triste, Kiko parecia perceber. Sentava ao meu lado e ficava em silêncio fitando o vazio. Era meu companheiro de muitas brincadeiras e travessuras, que compartilhávamos espontaneamente. 

Reflito. Não quero aqui questionar valores tecnológicos nem mudanças significativas de hábitos proporcionadas pelo avanço científico. Ao contrário, sei bem a inevitabilidade dessas alterações, muitas delas para o nosso benefício. Mas, sempre há um “mas, se na minha infância já existissem robôs, teria eu, de posse de um, as mesmas alegrias que tive com o meu cãozinho?” Sabemos que a robótica ainda está em desenvolvimento, contudo, chegará o dia no qual não conseguiremos mais discernir um animal orgânico de um animal sintético? Não sei dizer, como eu disse, são apenas reflexões nascidas espontaneamente, não pretendo me aprofundar na questão. Talvez o meu objetivo aqui seja apenas fazer uma espécie de homenagem ao meu pequeno amiguinho, que fez parte indissociável da minha infância. 

O seu fim? Não sei dizer. Levaram-no, certa manhã, para uma chácara, sem, obviamente, me consultar. Espero que os últimos dias de Kiko tenham sido de máxima alegria. Se eu compraria hoje um cão-robô? Provavelmente não. Sou de uma geração passada, antiga. Talvez, meus descendentes adquiram um, pois, é uma nova mentalidade. A passagem de gerações é marcada por mudanças, superficiais ou profundas, mas inevitáveis. Não estou aqui criticando de maneira alguma quem gostaria de ter ou tem um animal robótico, mas se eu pudesse escolher ainda ficaria com Kiko. Onde você estiver, meu velho amigo, saudações!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

I Seminário de Humanidades do IFPA-Campus Belém

A greve no IFPA, parte 5

A greve no IFPA, parte 2