O contador de carros

Fonte: unsplash/Luiza Giannelli

 Por: Ramon Reis


Naquela tarde chuvosa, restaram algumas crianças correndo entre os carros, como se não houvesse amanhã.

Acho que já era o quinto carro que passava.

Fitei-as com um olhar de ternura.

Lembrei-me de um tempo distante, cheio de memórias repletas de cheiros e sabores.

Quanto amor havia naquele bolinho de chuva que a minha avó preparava quase toda tarde.

Mudei de rota e avistei um passarinho parado perto da janela do quarto; ele parecia calcular milimetricamente o momento de ir embora.

Dito e feito.

Levantei levemente a mão direita e ele se foi.

Continuei contando os carros que passavam; vez ou outra faço isso para desacelerar meus pensamentos. Contar carros na janela tem sido comum.

Gosto de observar o movimento da rua porque tenho a impressão que meu lugar é a rua, é nela que encontro afago, é na rua que me sinto livre, é para ela que retorno quando saio da janela.

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