Dança das sombras
Fonte: YouTube |
Por: Matheus Lima
Em meio
ao silêncio da noite, um grito abafado escapa, perdido entre as sombras de
pensamentos densos e pulsantes. A voz, embargada, ecoa apenas dentro de si
mesmo, como se o peito fosse um grande abismo onde palavras caem sem nunca
encontrar solo. “Alguém me ouve?”, pergunta, mas o vazio responde com um
silêncio cortante.
Todos os
dias são um ciclo eterno: o despertar, os mesmos passos que levam à faculdade,
a volta para casa e o repouso cansado sobre um travesseiro que nunca traz
descanso. As horas, os minutos, tudo segue repetindo-se em um tempo sem fim,
enquanto o mundo ao redor parece girar em um ritmo que ele não pode acompanhar.
À beira
do precipício, ele se questiona. Existe mesmo um fundo neste abismo? Ou tudo
isso não passa de um reflexo de seu próprio caos interno? Talvez seja uma visão
apenas sua, algo que a mente construiu para justificar a dor surda que nunca
cessa. Pensa se tudo isso seria um tipo de punição divina, como se existisse um
sentido obscuro para ele estar ali, sentindo tanto e, ao mesmo tempo, vazio.
O que é
viver, afinal? A questão ressoa na mente, e ele busca no coração uma resposta.
Viver deveria ser algo divino, mas o que ele experimenta é uma prisão – uma
luta sem fim contra a própria existência. Ele quer fugir, quer correr, mas o
chão parece prendê-lo, como se seus pés fossem raízes fincadas na lama do medo,
na angústia, na dúvida. Ou talvez seja ele que se prende ali, por receio do que
encontrará fora dessa cela de pensamentos turvos.
“Estou
preso ou simplesmente não quero partir?” Ele se questiona, e o pensamento o
fere mais do que qualquer resposta poderia ferir. As perguntas dançam ao redor
dele, como sombras longas e escuras. Mas ali, no meio de toda aquela escuridão,
ele percebe que há um fio de esperança, tênue e quase invisível. Um chamado de
dentro, uma parte de si mesmo que sussurra que a melancolia não precisa ser o
fim, mas o início de uma busca por algo maior – por sentido, por liberdade, por
paz.
E, ainda
que a resposta não venha hoje, ele sente que a coragem para viver pode nascer
aos poucos, como a aurora nascendo devagar depois de uma noite longa e vazia.
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