Dia da Consciência Negra: Um olhar a Carolina Maria de Jesus

Fonte: Portal Valentinas

 Por: Lívia Suenne


Hoje, quarta-feira, dia 20 de Novembro de 2024 comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. Por isso, o JD se desloca a Sacramento-MG e relembra um grande nome da literatura e resistência negra brasileira: Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Carolina estudou na 1ª escola espírita do Brasil, o colégio Allan Kardec em 1923 e, 14 anos depois se mudou para São Paulo-SP, em que passou a morar na favela do Canindé com seus três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus Lima. Sendo ela uma leitora voraz, registrava tudo em folhas de papel e cadernos que encontrava nas ruas, uma vez que a coleta e venda de materiais recicláveis era a sua fonte de renda.

Esses registros iniciaram sua trajetória como memorialista e poeta, descrevendo o seu cotidiano do “Quarto de desespero da capital" nos cadernos, posteriormente se transformou no “Diário de uma favelada”. Carolina Maria de Jesus foi uma escritora negra, mãe solo, trabalhadora doméstica, pobre, com pouca escolaridade, que enfrentou diversos preconceitos da época e que ainda persistem no século XXI.

Em 1960, a sua primeira edição publicada do “Quarto do desespero” foi um recorde com 30 mil exemplares vendidos e a segunda e terceira edição com 100 mil. Além disso, foi traduzido em 13 idiomas distribuídos em mais de 40 países.

Outras obras publicadas da autora foram: “A casa de Alvenaria (1961)”, “Pedaço de Fome (1963)”, “Provérbios (1963)”, entre outros títulos. Na década de 2000 foi inaugurado o Parque do Ibirapuera-SP, o Museu Afro-Brasileiro com o nome Carolina Maria de Jesus. No dia 18 de Fevereiro de 1977, Carolina faleceu na Zona Sul de São Paulo, devido a complicações respiratórias.

Seu nome tem sido citado em diversos estudos e suas obras têm sido muito referenciadas em artigos, dissertações, teses, etc; evidenciando um valor que vai além da pessoalidade de seus escritos, mas abre um leque de estudos literários dentro e fora do território brasileiro. Mas por quê?

A mineira foi apenas uma, dos múltiplos autores(as) negros que corroboraram para as riquezas culturais, literárias e políticas na historia Brasil. Suas obras atravessam gerações, e hoje, revelam-se cheias de histórias e experiências que retratam um país indiferente à pobreza, à desigualdade social e à violência que acometem as camadas mais vulneráveis da população, em especial os moradores de favela e as minorias que a compõem.  

Além disso, outros autores foram e ainda são fundamentais na formação da consciência e construção do conhecimento crítico em relação às mazelas sociais vivenciadas cotidianamente. 

O JD homenageia essa e os demais autores negros que se permitiram enxergar além dos rótulos que lhes foram impostos. 

Não deixe de acompanhar as próximas edições do JD!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

I Seminário de Humanidades do IFPA-Campus Belém

A greve no IFPA, parte 5

A greve no IFPA, parte 2