“Eles Dificultam a Vida dos Professores”: Quando o Preconceito Surge Dentro da Sala de Aula
Alunos provenientes de escolas públicas que ingressam nos cursos técnicos integrados do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), Campus Belém, enfrentam dificuldades significativas em seu desempenho acadêmico. Essa situação está diretamente relacionada à defasagem estrutural da educação pública brasileira, evidenciada quando o estudante adentra em instituições de ensino técnico e tecnológico como o IFPA. Somado a isso, relatos de desmerecimento por parte de alguns docentes agravam o cenário.
As dificuldades de aprendizagem se convertem em notas abaixo da média, sobretudo em disciplinas que envolvem cálculo. Muitos alunos relatam "atrasados" em relação aos colegas oriundos de escolas privadas, devido à falta de acesso prévio a conteúdos básicos necessários no ensino médio. Esse contraste pode gerar sentimentos de inadequação, levando-os a acreditar que são "incapazes" ou "inferiores". O problema se intensifica quando comentários inadequados de professores reforçam essa percepção negativa.
Um aluno do 2º ano do curso técnico integrado em Saneamento compartilhou uma experiência emblemática dessa realidade. Durante o primeiro ano, um professor de disciplinas exatas criticou o atual método de ingresso no IFPA, que utiliza as notas de português e matemática do 7º e 8º anos como critério de seleção.
O professor afirmou ser totalmente contra esse método de ingresso. Segundo ele, os alunos de escola pública não têm o mesmo mérito que os de escola privada. Um aluno de escola pública que tirou nota 10 não enfrentou dificuldade nenhuma, enquanto um aluno de escola privada que tirou 7 teve muito mais mérito, porque o ensino lá é mais difícil, relatou o estudante.
Além disso, o docente comparou os estudantes do IFPA com os do Colégio Militar de Belém, argumentando que os últimos enfrentam maiores desafios para alcançar boas notas. Ele afirmou que os alunos de escola pública dificultam a vida dos professores, pois chegam sem saber o básico, e os docentes precisam voltar atrás e explicar tudo novamente, acrescentou o aluno.
Tais comentários não apenas desmotivam os estudantes como também perpetuam preconceitos e desigualdades enfrentados por eles. Especialistas ressaltam a necessidade de enfrentar essa realidade, promovendo ações de apoio que valorizem os esforços e conquistas de todos os alunos, independentemente de sua origem escolar.
A situação destaca a urgência de políticas educacionais que promovam a inclusão e ofereçam suporte adequado aos estudantes de escolas públicas. Garantir igualdade de oportunidades e construir um ambiente acadêmico acolhedor e estimulante são passos essenciais para reduzir essas barreiras e fomentar o desenvolvimento pleno de todos.
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