Estratégias de persuasão digital: a psicologia dos designs nos softwares interativos

Fonte: Freepik


 Por: Nikolle Santos


O que você entende sobre a temática: manipulação de usuários nas plataformas digitais? Muitos dirão que tais plataformas não manipulam, apenas atuam no entretenimento das pessoas; outros, mais críticos, no entanto, dirão que a base da manipulação são os chamados “algoritmos”, treinados com base nos gostos pessoais dos usuários. Trata-se de Uma resposta sofisticada, porém incompleta. Nesse sentido, vale destacar as multifacetas do mundo tecnológico, bem como suas ferramentas de persuasão

O mundo das plataformas digitais, que vai desde sites de compras até aplicativos de jogos, são baseados em “designs emocionais”. Esse conceito, introduzido pelo emérito professor Donald Norman, que objetiva proporcionar uma boa experiência ao usuário. A princípio, o estudo sobre design emocional ajuda na criação de plataformas mais intuitivas e eficientes. Entretanto, quando introduzido à lógica do mercado tecnológico, o efeito é subvertido em likes e monetização de anúncios. A ideia é criar um ambiente digital visualmente chamativo para despertar uma emoção “visceral” (instintiva e inconsciente) e, em seguida, proporcionar uma boa experiência através da facilidade de uso, seja por cliques diretos ou pelo scroll infinito combinado aos algoritmos.

 Por fim, a intenção é fazer com que a plataforma se torne uma identidade do usuário, isto é, um recurso indispensável à sua rotina  . Diante dessa perspectiva, o usuário é inserido em um sistema persuasivo, em que passar mais tempo em frente às telas é o que importa. Sites e aplicativos de mídias sociais como Tik Tok, Amazon e Instagram, apropriam-se dessa estratégia. Afirmar que apenas algoritmos trabalham para manter as pessoas nas mídias digitais é um eufemismo. O design também está intrinsecamente relacionado ao tema. Posições de ícones, imagens, cores chamativas: tudo é estrategicamente estudado, baseado em padrões psicológicos amplamente aceitos, conhecidos como “modelos mentais”.

Dessa forma, compreender como somos influenciados nos permite recuperar parte do controle sobre nosso tempo e nossas escolhas, usando a tecnologia como ferramenta, e não como algo que nos controla.

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